À procura de um novo carro

Após muitas conversas e ponderações, decidimos trocar o carro. Não foi fácil chegar a um consenso. Vender o dela ou o meu? Comprar um pequeno compacto com vocação urbana ou algo maior, como um sedã médio ou uma minivan? Quanto gastar? Flex ou a gasolina? Automático ou mecânico?

Aos poucos essas e outras questões foram sendo respondidas. O "preterido" acabou sendo o meu Corolla/99. Apesar dos 121.000 km, ele estava inteiro, com o interior impecável e a mecânica perfeita. Sem dúvida um dos melhores carros que já dirigi. Nunca nos deixou na mão ou apresentou qualquer defeito - as revisões se limitavam a itens de desgaste natural. Essas certamente eram características que buscávamos para o seu sucessor. Além disso, deveria ser um carro seguro, confortável, econômico e possuir seguro razoável.

Pela lógica, deveríamos optar por outro Corolla, mas o preço era proibitivo. Assim, iniciamos nossa via crucis pelas concessionárias no começo de maio. A primeira parada foi na Honda, para avaliar o Fit EX. Esperávamos pagar por volta de R$ 51mil mas a concessionária se mostrou inflexível. Aliás, as concessionárias. Em Belo Horizonte, são todas do mesmo dono. O preço é o mesmo - R$ 53.590,00 - e a desculpa para não haver negociação também. Por conta disso, partimos para outras opções, mesmo sabendo que estaríamos adquirindo um excelente carro. Afinal, o Fit foi diversas vezes premiado pela imprensa especializada. Acho que seu único defeito é o CD player não contar com MP3.

A parada seguinte foi na Citroën, motivados mais pela curiosidade e pelo design do C3 XTR. Muito bem atendidos, percebemos que o carro tem lá o seu apelo, com alguns equipamentos exclusivos, mas o espaço interno decepcionou. No banco traseiro, só é possível transportar crianças. Enfim, estava um pouco distante do perfil pretendido. Aproveitamos a proximidade para uma visita à Volkswagen. Por cerca de 20 minutos, entramos e saímos de modelos como o Crossfox, Spacefox, Polo e Polo Sedan. Decepção dupla: não ganhamos sequer um "bom dia" e o acabamento dos carros é dos piores que já vi. Sério, dava dó: havia fiapos (de plástico, obviamente) saindo dos arremates do painel. Saímos de lá correndo para a Fiat.

Assim como na Volks, ninguém apareceu para saudar nossa visita. Porém, gostamos do que vimos e queríamos saber maiores detalhes. Os alvos eram Idea HLX e Stilo 1.8. Por falta de veículos em estoque, não pudemos avaliar de perto nenhum dos dois. Desistimos do Stilo quando o vendedor informou o preço médio do seguro, que beira os R$4mil. Com relação ao Idea, as principais desvantagens são o motor beberrão e a posição de dirigir - a coluna central avança sobre o espaço das pernas, trazendo desconforto e a sensação de aperto para o motorista. O preço ficou dentro de esperado e o acabamento nos agradou bastante. Entretanto, como optamos por equipá-lo com airbag, o prazo de entrega saltou de 30 dias para algo entre 90 a 100 dias, nos desanimando completamente.

No dia seguinte, a caminho da casa dos meus pais, passamos em frente a uma concessionária Kia. Havíamos lido a respeito do Picanto e estávamos curiosos para conhecê-lo de perto. Resolvemos então entrar e dar uma olhada. O carrinho é bem simpático e seu acabamento decente, principalmente comparado com nossos populares. Entretanto, o que nos chamou a atenção foi um sedan exposto na entrada do salão, um Cerato modelo 2006. Após examiná-lo um pouco mais detidamente, perguntamos o preço do carro ao vendedor. Para nossa surpresa, aquele 2.0 automático recheado de equipamentos havia sido vendido por R$50mil, uma pechincha. Questionamos sobre a disponibilidade de um modelo com câmbio mecânico e descobrimos que ele existia na versão 1.6, cujas últimas unidades haviam sido recentemente negociadas para dar espaço ao novo modelo, previsto para desembarcar no Brasil na semana seguinte. O carro nos despertou grande interesse, a ponto de fazermos um test-drive no modelo antigo. O passeio agradou, me fez lembrar o Corolla. Combinamos voltar assim que novo Cerato chegasse. Durante o intervalo, fizemos nossa lição de casa, pesquisando sobre a Kia e o carro. Afinal, a montadora sul-coreana possui uma tímida participação no mercado brasileiro e já tivemos por aqui algumas estórias sem final feliz para proprietários de, por exemplo, Mazdas, Suzukis e Ladas.